quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

LUCHINO VISCONTI (1906 -1976)


LUCHINO VISCONTI (1906 -1976)

Don Luchino Visconti di Modrone, conde de Lonate Pozzolo, nasceu em Milão, a 2 de Novembro de 1906 e faleceu em Roma, de 17 de Março de 1976, e era descendente da aristocrática família milanesa dos Visconti. Filho de Giuseppe Visconti, duque de Grazzano, e de Carla Erba (proprietária e herdeira de uma célebre empresa farmacêutica), Luchino tinha mais seis irmãos. Prestou o serviço militar como sub-oficial de cavalaria em 1926, no Piemonte, e viveu os anos de sua juventude cuidando dos cavalos de sua propriedade. Além disso, era frequentador assíduo do belo canto e da estética do melodrama, ambas influências notórias na sua actividade futura.
O seu interesse pelo cinema data de 1936, quando em França a sua amiga Coco Chanel o apresentou a Jean Renoir que o onvidou a trabalhar no seu filme "Une Partie de Campagne". Em 1937 passou por Hollywood antes de retornar a Roma. Na capital italiana voltou a trabalhar com Renoir na direcção de “La Tosca”.
A partir de 1940 ligou-se aos intelectuais que faziam o jornal “Cinema” e vendeu jóias da família para realizar seu primeiro filme, "Ossessione", em 1943, com Clara Calamai e Massimo Girotti. No fim da II Guerra Mundial realizou o segundo filme, o documentário "Giorni di Gloria". Aristocrata por nascimento, mas comunista por convicção, foi contratado pelo Partido Comunista Italiano para realizar três filmes sobre pescadores, mineiros e camponeses da Sicília, acabou por fazer apenas um, "La Terra Trema".
Depois, em 1951, roda "Bellissima" com Anna Magnani, Walter Chiari e Alessandro Blasetti. O seu primeiro filme a cores foi em 1954, "Sentimento" (Senso) com Alida Valli e Farley Granger. O primeiro grande prémio da crítica chega em 1957, quando ele recebe o Leão de Ouro do Festival de Cinema de Veneza pela fita "Le Notti Bianche", uma transposição delicada e poética de uma história de Dostoievski com Marcello Mastroianni, Maria Schell e Jean Marais.
O primeiro grande sucesso de crítica e de público ocorreria em 1960 com "Rocco e seus Irmãos", a saga de uma humilde família de calabreses que emigrava para Milão. Foi o filme que consagrou o actor francês Alain Delon ao lado de Annie Girardot e Renato Salvatori. No ano seguinte junta se a Vittorio De Sica, Federico Fellini e Mario Monicelli no filme em episódios "Boccaccio '70. O episódio de Visconti é protagonizado por Tomas Milian, Romy Schneider, Romolo Valli e Paolo Stoppa.
Em 1963 dirige o seu maior sucesso comercial e simultaneamente um dos filmes mais elogiados pela crítica, o magnifico "O Leopardo", extraído do romance homónimo de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, onde se destacavam Burt Lancaster, Claudia Cardinale e Alain Delon.
“Sandra” Vagas Estrelas da Ursa, um mergulho inquieto e melancólico na capacidade dos seres sensíveis para se destruírem amorosamente, com Claudia Cardinale e Jean Sorel, realizado em 1965 foi a obra seguinte. Em 1970 ele conhece o fracasso de uma obra sua, com “O Estrangeiro”, extraído do romance homónimo de Albert Camus e realiza também "Os Malditos" (La Caduta degli Dei) que lançou o actor Helmut Berger, a partir dai seu companheiro até à morte.
Com o sensível e refinado " Morte em Veneza" (1971), protagonizado por Dirk Bogarde e baseado na obra de Thomas Mann, volta a reencontrar-se com o êxito, ao abordar a  história de Gustav Aschenbach, um compositor que vai passar férias em Veneza, e acaba por viver uma grande e inesperada paixão, que iniciaria a sua destruição. O filme faz uma abordagem do conceito filosófico de beleza, assim como a passagem do tempo a importância da juventude nas nossas vidas. O filme seguinte foi a super produção  "Ludwig", com Helmut Berger e Romy Schneider. Durante a rodagem, sofre um ataque cardíaco que o prendeu a uma cadeira de rodas para sempre.
Mesmo em muita dificuldade, Luchino Visconti ainda faz dois filmes, “Violência a Paixão” (Gruppo di Famiglia in un Interno) e “O Inocente” (L'Innocente), derradeira obra, versão do romance de Gabriele d'Annunzio que regista brilhantes interpretações de Giancarlo Giannini e Laura Antonelli. Morre na primavera de 1976 na sua residência na cidade de Roma. Na Ilha de Ischia existe um museu que lhe é inteiramente dedicado.


Filmografia
1943: OSSESSIONE (Obsessão)
1948: LA TERRA TREMA (A TerraTreme)
1951: BELLISSIMA (Belissima)
1953: SIAMO DONNE (Nós, Mulheres) (episódio “ANNA MAGNANI”) 
1954: SENSO (Sentimento)
1957: LE NOTTI BIANCHE (Noites Brancas)
1960: ROCCO I SUOI FRATELLI (Rocco e os Seus Irmãos)
1961: BOCCACCIO '70 (Boccaccio ’70) (episódio “IL LAVORO”) 
1963: IL GATTOPARDO (O Leopardo)
1965: VAGHE STELLE DELL'ORSA... (Sandra)
1966: LE STREGHE (A Magia da Mulher) (episódio “LA STREGA BRUCIATA VIVA”)
1967: LO STRANIERO (O Estrangeiro)
1969: LA CADUTA DEGLI DEI (Os Malditos)
1971: MORTE A VENEZIA (Morte em Veneza)
1973: LUDWIG (Luis da Baviera)
1974: GRUPPO DI FAMIGLIA IN UN INTERNO (Violência e Paixão)
1976: L'INNOCENTE (O Inocente)

Documentários
1945: GIORNI DI GLORIA
1951: DOCUMENTO MENSILE N. 2, episódio “APPUNTI SU UN FATTO DI CRONACA”
1970: ALLA RICERCA DI TADZIO

Teatrografìa
Como encenador
Parenti terribili,de Jean Cocteau (1945)
Quinta colonna, de Ernest Hemingway (1945)
La macchina da scrivere, de Jean Cocteau (1945)
Antigone de, Jean Anouilh (1945)
A porte chiuse, de Jean-Paul Sartre (1945)
Adamo, de Marcel Achard (1945)
La via del tabacco, de John Kirkland (sobre romance de Erskine Caldwell) (1945)
Il matrimonio de Figaro, de Pierre Augustin Caron De Beaumarchais (1946)
Delitto e castigo, de Gaston Bary (sobre romance de Dostoevskij) (1946)
Zoo de vetro, de Tennessee Williams (1946)
Euridece, de Jean Anouilh (1947)
Rosalinda o Come vi piace, de William Shakespeare (1948)
Un tram che si chiama desiderio, de Tennessee Williams (1949)
Oreste, de Vittorio Alfieri (1949)
Troilo e Clessidra, de William Shakespeare (1949)
Morte de un commesso viaggiatore, de Arthur Miller (1951)
Un tram che si chiama desiderio, de Tennessee Williams (1951)
Il seduttore, de Diego Fabbri (1951)
La locandeera, de Carlo Goldoni (1952)
Tre sorelle, de Anton Tchechov (1952)
Il tabacco fa male, de Anton Tchechov (1953)
Medea, de Euripide (1953)
Come le foglie, de Giuseppe Giacosa (1954)
Il Crogiuolo, de Arthur Miller (1955)
Zio Vania, de Anton Tchechov (1955)
Contessina Giulia, de August Strindberg (1957)
L'impresario de Smirne, de Carlo Goldoni (1957)
Uno sguardo dal ponte, de Arthur Miller (1958)
Immagini e tempi, de Eleonora Duse (1958)
Veglia la mia casa, angelo de Ketti Frings (sobre romance de Thomas Wolfe) (1958)
Deux sur la balançoire, de William Gibson (1958)
I ragazzi della signora Gibbons, de Will Glickman e Joseph Stein (1958)
Figli d'arte, de Diego Fabbri (1959)
L'Arialda, de Giovanni Testori (1960)
Dommage qu'elle soit une p..., de John Ford (1961)
Il tredecesimo albero, de André Gide (1963)
Après la chute de, Arthur Miller (1965)
Il giardeno dei ciliegi, de Anton Tchechov (1965)
Egmont, de Wolfgang Goethe (1967)
La monaca de Monza, de Giovanni Testori (1967)
L'inserzione, de Natalia Ginzburg (1969)
Tanto tempo fa, de Harold Pinter (1973)

Encenação de óperas:
La vestale de Gaspare Spontini (1954)
La sonnambula de Vincenzo Bellini (1955
La Traviata de Giuseppe Verdi (1955)
Anna Bolena de Gaetano Donizetti (1957)
Ifigenia in Tauride de Christoph Willibald Gluck(1957)
Don Carlos de Giuseppe Verdi (1958)
Macbeth de Giuseppe Verdi (1958)
Il Duca d'Alba de Gaetano Donizetti (1959)
Salomé de Richard Strauss (1961)
Il diavolo in giardino de Franco Mannino (sobre um libretto de Visconti, Filippo Sanjust e Enrico Medeoli, 1963)
La Traviata de Giuseppe Verdi (1963)
Le nozze de Figaro de Wolfgang Amadeus Mozart (1964)
Il Trovatore de Giuseppe Verdi (1964)
Il Trovatore de Giuseppe Verdi (1964) (nova versão)
Don Carlos de Giuseppe Verdi (1965)
Falstaff de Giuseppe Verdi (1966)
Der Rosenkavalier de Richard Strauss (1966)
La Traviata de Giuseppe Verdi (1967)
Simon Boccanegra de Giuseppe Verdi (1969)
Manon Lescaut de Giacomo Puccini (1973)

Principais prémios:
Nomeação para o Oscar de Melhor Argumento Original, por "La Caduta degli dei" (1969).
Nomeação para o BAFTA de Melhor Realizador, por "Morte a Venezia" (1971).
Dois Prémios Bodil de Melhor Filme Europeu, por "Rocco e i suoi fratelli" (1960) e " Morte a Venezia " (1971).
Palma de Ouro no Festival de Cannes, por "Il Gattopardo" (1963).
Prémio do 25º Aniversário no Festival de Cannes, por "Morte a Venezia" (1971).
Leão de Ouro no Festival de Veneza, por "Vaghe stelle dell'Orsa...” (1965).
Leão de Prata no Festival de Veneza, por "Le Notti bianche" (1957).
Prémio Especial no Festival de Veneza, por "Rocco e i suoi fratelli" (1960).

Prémio FIPRESCI no Festival de Veneza, por "Rocco e i suoi fratelli" (1960). 

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